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Oh captain! My captain!

" But only in their dreams can men be truly free. 'Twas always thus, and always thus will be."

Oh captain! My captain!

" But only in their dreams can men be truly free. 'Twas always thus, and always thus will be."

Sex | 16.09.16

Eu é que fiquei "Dentro"

Estreou há uma semana atrás, na RTP1, uma série chamada "Dentro" que, em traços muito gerais, nos conta a história de um jovem estudante de psicologia, que inicia o seu estágio num estabelecimento prisional feminino. Para além do assédio constante por parte das reclusas, o jovem Pedro tem ainda de lidar com o enorme desafio de conquistar a confiança das suas novas clientes de modo a que estas utilizem o espaço da consulta psicológica da melhor forma.

Confesso-vos que vi o primeiro episódio (na semana passada) e fiquei com o bichinho de ver mais. Existiram alguns detalhes que achei um bocadinho confusos, algumas interpretações um pouco forçadas, mas no geral apeteceu-me ver mais e descobrir melhor cada uma daquelas mulheres e o próprio jovem, que para quem começou apenas agora a estagiar, já detém uma segurança incrível. Foi isso que me levou a que ontem, novamente, me ligasse à televisão e colasse na série. E ontem sim, a série provou-me que vale a pena continuar a ver, todas as quintas-feiras, de forma religiosa. 

O episódio de ontem valeu, superou todas as minhas expectativas devido à cena entre o jovem psicólogo e uma nova reclusa, que chega à prisão após ter sido condenada pela morte do filho, que se deu devido a negligência. Esta mulher chega à prisão em estado de choque, envolta no trauma e na negação do que fez e do que aconteceu. O estado de choque é de tal ordem que, em algumas cenas, quando ainda não compreendemos bem o que se está a passar, acreditamos que a criança, o seu filho, está na prisão com ela. Porque ela consegue vê-lo, ouvi-lo, tocar-lhe, dar-lhe colo. Para ela, ele está ali, como sempre foi e sempre esteve. 

O problema é quando a voz da realidade começa a ser mais audível do que a voz do delírio e este, por sua vez, começa a perder força e a desvanecer-se. A mulher entra em pânico, procurando com aflição e angústia o filho. Onde é que ele está? Quem é que o levou? E é aí que entra em cena o jovem psicólogo, o Pedro. Responsável por ter de a acalmar e de a chamar à terra, à infeliz verdade dos factos e das suas consequências, Pedro senta-se frente a frente com esta mulher e começa a puxar, fio a fio, as recordações que esta tem do fatídico acontecimento, do momento em que deixou o seu filho pequeno em casa sozinho e a tragédia aconteceu. A beleza deste episódio, a meus olhos, está no que acontece a seguir: juntos, cliente e psicólogo, choram. Sim, choram. Ela envolvida pela dor da perda e pelo peso da culpa, ele pela impotência e pela empatia que nutre pela dor daquela mãe. Choram os dois e depois choram, novamente, nos braços um do outro. 

Porquê que eu achei isto incrivelmente belo? Porque há momentos em que as palavras, por mais que procurem dar consolo, não são suficientes; porque há momentos em que um abraço sentido é o único veículo disponível para expressar tudo aquilo que a voz não consegue fazer; porque há momentos em que olhamos para o outro e percebemos que este, embora não consiga alterar a dureza da realidade, consegue compreender todo o nosso sofrimento e sofre por nós, assim como por si, por não ser capaz de mais do que a sua compaixão. 

Esta cena é muito intensa. Para mim, chega a ser épica. Expõe a vulnerabilidade humana, de ambas as partes. Acredito que algumas pessoas tenham ficado a pensar que o psicólogo era um verdadeiro incompetente. Então chora também? Abraça a cliente? Para mim, a questão é totalmente contrária: foi aí que ele provou a sua (enorme) competência. Haveria melhor forma de expressar toda a sua empatia? Haveria um mecanismo mais eficaz de comunicar àquela mulher que ele estava ali, presente, com tudo que tinha e não tinha para lhe dar? De que outra maneira poderia ele ter-lhe demonstrado melhor que a aceitava incondicionalmente?

Fiquei rendida. Se o bichinho já cá tinha ficado, então agora instalou-se, de malas e bagagens. Para mim, esta cena foi o ponto alto do episódio, mas este não se resume apenas a este momento. Há também outras histórias que se cruzam com esta, como a da Fátima, uma reclusa que após oito anos se vê, finalmente, em liberdade. Esta série ainda tem muitas pontas soltas para puxar, que certamente nos levarão a intrigas fantásticas.

Parabéns à RTP1 por apostar em conteúdos criativos, originais, criados, produzidos e representados por portugueses. Têm aqui, definitivamente, uma fã. 

(Para aqueles que não conseguiram ver, podem sempre ver na RTP Play)

 

Sab | 10.09.16

Gozem comigo, força ...

... mas admito que fiquei (muito) triste com o final da série Massa Fresca. Sim, não deixa de ser uma história light, com um plot mais conhecido e previsível que a história do titanic, mas, ainda assim, gostava tanto desta série. Nem todos os conteúdos televisivos têm de ser espetaculares para nos deliciarem. E esta série, em especial, tornou-se parte do meu quotidiano sem que eu lhe prestasse muita atenção. Simplesmente tinha a televisão ligada, comecei a prestar atenção, a decorar um e outro nome e, quando dei por ela, já estava a gostar da trama. Além disso, acho que foi um projeto muito inovador em termos de atores, dando oportunidade a muitas caras desconhecidas de mostrarem o seu talento. Nomeadamente a protagonista, a atriz Mafalda Marafusta, que é simplesmente fantástica e um assombro de expressiva. Gostei também de nos ter alertado para temáticas como o envelhecimento ativo ou até algumas doenças raras, como a da Teresinha, que eu nem sonhava existir.

Confesso-vos: fiquei fã e hoje, que terminou, fiquei triste. E ainda mais triste fico quando sei que esta série termina para dar espaço aos diários da tarde da nova casa dos segredos. Entristece-me que um projeto bom, apelativo para todas as faixas etárias, divertido e educativo seja deitado fora, posto de parte para que um formato já gasto, com cheiro a bolor e sem nada de útil volte a entrar no ar.

Enfim, deita-se fora a massa fresca para o regresso dos ovos podres.

 

Sex | 09.09.16

Procura-se motivação!

 

Ai a motivação de que eu estou a precisar para recomeçar o meu trabalho para a tese ...! Quando entreguei a primeira parte do projeto fiquei surpreendida por ter gostado tanto do que fiz e de o ter feito com gosto. Era a parte que eu "temia" a sério, que achava mais difícil de executar. Surpreendentemente, revelou-se uma tarefa divertida e que me deu algum gozo fazer porque estava constantemente a ter ideias novas e a descobrir coisas interessantes. No entanto, meteram-se as férias pelo meio e este recomeçar está a ser difícil. Até porque começo logo com uma tarefa mega aborrecida, que não é difícil mas que demora tanto tempo e me deixa tão cansada ...!

Por isso, motivação procura-se. Já estou há meia hora a navegar na internet para escapar a começar o que já devia ter começado. Mas vamos lá ...! Até porque se não começar hoje, amanhã custará ainda mais!

 

Ter | 06.09.16

When you're talkin' to yourself and nobody's home (...)

 

Uma das coisas que me faz alguma impressão na atualidade é o constante e vincado egocentrismo em que vivemos. Estamos constantemente focados na nossa vida, nos nossos problemas, nas nossas coisas, ignorando o que nos rodeia, quem nos rodeia. Às vezes, este modo off verifica-se em pequenas coisas como alguém fazer um desabafo e a nossa resposta, em vez de ser no sentido do que a pessoa nos estava a dizer, vai no sentido oposto, virando a conversa para nós próprios, em que fazemos também nós os nossos queixumes. Custa-me sempre responder a um pedido de atenção, a um desabafo com um desabafo também. Acho que se alguém está a partilhar algo comigo, merece que eu, pelo menos, respeite e valorize o que se passa no seu universo. Para tal, acho que devo a essa pessoa uma resposta focada no que acabou de me contar, que demonstre que a ouvi, que o seu problema ou a sua opinião chegaram até mim, que não fiquei indiferente.

Acontece-me frequentemente soltar um desabafo ou deixar escapar um queixume e a resposta que me chega do outro lado é completamente invertida. Subitamente já não estamos a falar de mim ou do meu problema, mas a conversa já se canalizou completamente para o lado da outra pessoa. Compreendo que isto aconteça quando aquilo que estou a dizer é realmente minúsculo, não merece atenção e  a pessoa com quem estou a falar está a viver problemas a sério, com "P" maiúsculo. Ou até quando a pessoa recorre a si própria e aos seus problemas como exemplo, como forma de me inspirar ou demonstrar que há outros pontos de vista, outras perspetivas para conhecer. No entanto, já me sinto desrespeitada quando me respondem como se aquilo que eu disse tivesse sido dito no vazio. Como se nem tivesse sido ouvido. Faz-me sentir vontade de voltar-me para dentro e conversar comigo própria, porque ao menos sei que procurarei responder-me de alguma forma.

Também me custa quando a resposta da outra parte vem em formato de silêncio. Quando falo, falo e falo e, no fim, já cansada, só quero ouvir realmente algo e nada, nem um som de uma mosca. Compreendo que nem toda a gente saiba o que dizer, que nem todos temos a capacidade de perante desabafos partir logo para um discurso de auxílio, mas acho mais sensato alguém me dizer "não sei mesmo o que te dizer!" do que me deixar entregue ao silêncio. É que, frequentemente, interpreto este silêncio de forma negativa, como se aquilo que acabei de confiar naquela pessoa tivesse sido um erro e, mais do que isso, uma maçada para a mesma. Como se a estivesse a incomodar.

É este egocentrismo que encontro nos dias de hoje. Esta visão espelhada que apenas nos permite ver a nós próprios. Estas palas que usamos e abusamos nas nossas interações sociais. Deixa-me verdadeiramente incomodada, porque quebra aquilo que uma relação, seja de amizade, parceria ou até amor, deveria ser. Uma partilha, um carregar dos problemas em conjunto para que estes, subitamente, pareçam mais leves.

Ainda recentemente vi-me confrontada com uma situação destas. Estava a desabafar sobre o momento cansativo em que me encontro no realizar da tese, pois estou a meio de uma tarefa que, embora não seja propriamente difícil, é extremamente exaustiva. A resposta nem sequer tocava no meu assunto. Focava apenas a realidade da outra pessoa, que nem sequer tinha qualquer ligação ao que eu tinha acabado de dizer. Para mim, a conversa ficou por ali, pelo menos a minha parte. Respondi, focando-me no que a pessoa disse, mas já não voltei a tocar no meu assunto. Porque para mim falar das minhas coisas é quase como um ato isolado. Não o faço com muitos, não partilho as minhas coisas a meio mundo. Quando o faço, quando aposto em alguém é na esperança de, pelo menos, receber alguma empatia. Sentir alguma compreensão do outro lado. Quando recebo o oposto, desisto e sigo o meu caminho.

Só gostava que nos déssemos mais uns aos outros. Não significa que, de repente, tenhamos de começar a viver os problemas dos outros como se fossem nossos, porque isso também não seria saudável. Mas acho que vestir a camisola do outro, nem que seja uma manga, ajudaria ambas as partes: o que desabafa, sentir-se-ia mais compreendido e aliviado e o outro, que recebe o desabafo, sentiria uma sensação de dever cumprido. Que é o que eu, quando o faço, pelo menos, sinto.

 

Seg | 05.09.16

I'm here!

Olá novamente, após mais um mês de ausência! Acontece que se Junho foi praticamente passado em torno da faculdade, Agosto foi completamente entregue ao trabalho de Verão. Todos os anos repito que será o último verão de trabalho, mas sempre que chega novamente sou incapaz de recusar. É que embora me custe, sobretudo porque venho sempre derreada de um ano de faculdade, custa-me bem mais não ter as minhas economias de lado para me organizar. Prefiro sempre trabalhar, ainda que seja só um mês e apenas no verão, mas é sempre um esforço que vejo recompensado e que me permite ter a liberdade económica para viajar, comprar livros, fazer as minhas maluqueiras ou até mesmo poupar.

O que acaba inevitavelmente por acontecer é que chego ao final do dia completamente arrasada e a vontade de me sentar em frente ao computador e escrever não é muita. Mesmo a leitura acaba por ficar afetada, porque adormeço facilmente e, honestamente, ler no verão é tarefa difícil. Ora está muito calor para ter as luzes acesas, ou não as podemos ligar porque os carrascos dos mosquitos são imediatamente atraídos para dentro de casa e depois dormir em paz é tarefa quase impossível. Assim acabo por nunca ler tanto, o que me entristece um pouco, mas é o que temos.

No entanto, entre cansaço e toda uma estratégia de ler sem ser devorada por mosquitos, ainda consegui ler o FanGirl da Rainbow Rowell. Decidi fazer uma pausa no Mataram a Cotovia, porque estava a precisar de ler algo mais leve e, confesso, que me envolvesse mais. Como já vos tinha dito antes, o Mataram a Cotovia da Harper Lee é uma obra clássica, incrivelmente bem escrita, deliciosa mesmo, mas na qual ainda não me consegui envolver a 100%.

Falando-vos um pouco do FanGirl. Eu já tinha lido o Eleanor and Park e mais do que o ler, eu amei a obra. Li-o num dia em que chovia torrencialmente e em que me enfiei debaixo dos lençóis e já só saí quando a minha cama ficou encharcada das tantas lágrimas que chorei. Foi uma leitura de empreitada, em que o final ainda me atormenta. Ou melhor, a ausência dele. E, portanto, parti para a leitura de FanGirl com as expectativas elevadas. Que não saíram, de todo, furadas! Adorei, novamente, a obra, as personagens e voltei a ser arrastada para a história como se esta fosse uma onda daquelas da Nazaré, que leva tudo e todos.

O que adoro nos livros da Rainbow Rowell é a construção das personagens, que é qualquer coisa de fantástico. A escritora consegue dar-lhes uma dimensão, toda uma forma de agir, sentir e pensar que parece ter um bocadinho de cada um de nós. E depois cria narrativas de vida que, nunca sendo fáceis, são extremamente credíveis e bem construídas. Com um ritmo, uma cadência certa. Neste livro não é exceção.

A premissa é simples, mas não é por isso menos envolvente e encantadora. Aliás, acho que é um dos pontos fortes da história: a sua simplicidade. No fundo, não passa de um evento de vida normal, comum a todos (ou quase todos) nós: a ida para um mundo novo, que é a universidade. E tudo que este mundo traz consigo: novos amigos, novos ambientes, novos professores, uma nova casa, enfim, toda uma aprendizagem que se traduz num crescimento necessário, quase que obrigatório.

Nem sempre é fácil viver esta transição de vida. Para uns é certamente menos difícil do que para outros, mas a verdade é que, inevitavelmente, trata-se de uma mudança e, como todas elas, implica adotar uma nova forma de agir, de pensar e sentir também. Uns habituam-se mais facilmente seja pela sua personalidade ser mais expansiva e extrovertida, seja pela presença de amigos na mesma situação, seja pelo que for. Mas a verdade é que pode ser um período difícil, como acontece com a personagem principal do livro, a Cath. Esta vive este momento com bastante inquietação e encontra uma forma de lidar com isso que, não é mais nem menos, através da escrita de ficção. Transportando-se para um mundo de fantasia, Cath consegue abstrair-se dos dissabores da sua realidade e canalizar as emoções que procura controlar e não sentir.

Confesso-vos que os capítulos nos quais a Cath escreve a sua história, não prestei grande atenção, chegando mesmo a passar alguns à frente. Não só não eram sobre o meu tema de eleição, como não se consegue perceber muito bem o seguimento da história. No entanto, não perdem nada da história principal passando estas pequenas partes à frente, garanto-vos.

Neste momento, estou a tentar recomeçar a leitura e a preparar-me para mais um ano letivo e tudo que isso implica. É que morando numa cidade diferente da da minha faculdade, o regresso não implica apenas fazer uma simples mochila com caderno e estojo. São malas e malas de coisas que andam sempre de um lado para o outro. Mas pronto, faz parte e passadas duas semanas, uma pessoa já está habituada ao faz e desfaz malas.

Além disso, este ano letivo será diferente de todos os outros e bem mais especial, mas isso conto-vos depois, que este texto já vai longo :) Obrigada pelo vosso carinho, que é sempre uma constante e que me aquece sempre o coração. Mesmo não escrevendo, não deixo de passar os olhos por aqui nem pelos vossos cantinhos! Beijinho para todos e bom regresso às aulas/trabalho! Que Setembro comece em força :D