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Oh captain! My captain!

" But only in their dreams can men be truly free. 'Twas always thus, and always thus will be."

Oh captain! My captain!

" But only in their dreams can men be truly free. 'Twas always thus, and always thus will be."

Dom | 11.12.16

Oh mãe, vá lá!

Imaginem o seguinte: a vossa mãe diz-vos para fazerem uma lista de coisas que gostavam de receber no Natal. Vocês, como bons filhos que são, não hesitam e dedicam-se afincadamente à tarefa (afinal, o que a mãe diz é lei incontestável e tarefa por ela mandada não pode ficar em espera!). Até que começam a achar que algo está estranho ... olham atentamente para a folha e deparam-se com uma lista onde os únicos artigos que pedincham são livros. Uns técnicos, outros de ficção, uns estrangeiros, outros de autores portugueses, mas há um denominador comum: são livros.

Depois, suspiram, sorriem e pensam "como se ela me fosse comprar uma biblioteca!".

Qua | 07.12.16

"'Cause, I built a home ... For you ... For me"

Estive ausente, mas não significa que tenha parado de escrever. Escrevi algumas coisinhas soltas, porque me apetecia, porque havia motivo ou falta dele. Hoje deixo-vos um texto que escrevi quando dormi sozinha, pela primeira vez, na minha nova casa. Um textinho bem lamechas, bem sei, mas que ainda hoje, ao reler, senti que cada palavra continua intacta, verdadeira e cheia de sentimento.

"Em inglês existem dois termos semelhantes, mas que definem coisas algo diferentes. São eles: home e house. Uma casa pode ser um lar ou ser apenas uma casa. E um lar não tem necessariamente de ser uma casa. É precisamente isto que estou a sentir hoje.

Esta casa é apenas uma casa sem ele; com ele, é o meu lar, a minha home. Porque, no fundo, ele é o meu lar. O lugar onde me sinto segura e protegida; onde me sinto amada; onde podemos até estar os dois entregues ao silêncio, mas sabemos que estamos ali, disponíveis um para o outro, no conforto da ausência de palavras, sons. 
Hoje ele não está cá em casa e a casa está imensamente vazia. Mais do que um espaço com uma pessoa a menos, é um espaço com menos cor, menos vida. Cheguei a casa e senti o coração apertado por saber que não ouviria as chaves dele na porta, não estaria sentada no sofá a vê-lo cozinhar em tronco nu, sempre tão concentrado. Por saber que o jantar hoje seria muito menos delicioso, aliás, que nem sequer haveria jantar; não é a comida em si que importa, é o gosto, o sabor que esta tem quando é cozinhada por ele. Por saber que a cama vai estar gelada e não vai aquecer tão cedo,  a almofada dele tem o seu cheiro, mas falta-me a sua nuca, onde dou beijos ternos, para não o acordar. Falta-me o corpo dele, junto ao meu; falta-me aquele abraço bom, quando prendo os meus braços ao seu tronco e fecho novamente os olhos, recusando acordar. Faz-me falta a sua voz, o seu riso, as suas piadas, a sua voz meiga. 
Percebo então que o nosso lar pode não ser necessariamente uma casa. Podemos habitar na pele, no coração de alguém e sentir que esse é o nosso lugar. De todos os sítios do mundo que já conheci (e grande parte deles foram na sua companhia), é junto dele que encontro a maior beleza. É ao seu lado que o mundo se completa e tudo ganha um novo sentido. Se existo sem ele? É óbvio que sim, mas é igualmente óbvio que com ele a existência ganha vida; respirar é mais do que um mero exercício de sobrevivência, é gratidão por estar viva e poder viver este amor. 
Às vezes pergunto-me, questiono-me sobre este presente da vida. Se realmente fomos um presente que a vida atribuiu um ao outro, este de nos cruzarmos, de unirmos as nossas vidas e construirmos uma vida em conjunto. Muitas vezes ele diz-me que somos um só e embora cada um de nós seja uma pessoa única, com a sua individualidade e singularidade (que tanto se faz sentir), entendo perfeitamente o que ele quer dizer. É esta terceira pessoa, esta terceira vida que surgiu: o nós. 
E eu quero estar neste nó(s) para sempre, que este laço nunca se desate, que dure eternamente, seja de que forma for. "
 
13/10/2016
Ter | 06.12.16

Captain à vista?

Eu até tenho vergonha de voltar a aparecer por estas bandas, de me sentar em frente a este painel branco e pressionar as teclas do teclado ... e dar notícias minhas! É verdade, meus queridos amigos, estive ausente e, felizmente, não foi por nenhum motivo menos bom, pelo contrário! Acontece que este ano comecei o meu estágio curricular e estes meses de ausência foram, na verdade, meses de adaptação a uma nova realidade, a um desafio enorme que, apesar de me estar a dar muito gozo, também me está a consumir muito tempo. E é sobre isto que vou mesmo começar por falar neste post.

O estágio era aquela etapa do curso que eu, assim como muitos dos meus amigos da faculdade, ambicionávamos, ansiávamos. É aquele momento em que, finalmente, metemos as mãos na massa, passamos da teoria dos livros para a beleza (e surpresa) da prática e, no fundo, percebemos se estes anos de estudo dão alguns frutos e se gostamos mesmo disto ou não. No meu caso, estou a gostar muito do meu estágio, o que não significa que este seja perfeito, que não é. Mas tem sido um desafio que me tem feito crescer muito, pois obriga-me, constantemente, a sair da minha zona de conforto, a testar as minhas capacidades, a desafiar-me e provar a mim mesma que consigo superar-me. Tenho conhecido muitas pessoas fantásticas, tenho-me cruzado com realidades muito diferentes da minha, mas que me deixam sempre a refletir. Sinto que estou a crescer e que, nestes últimos tempos, tenho levado uma "chapada" de humildade. Digo isto porque andei uns tempos na minha vida em que me sentia invencível. Não que me sentisse melhor que os outros ou capaz de tudo, mas sentia que nada me podia realmente destabilizar e que havia em mim força e determinação. E embora fosse bom sentir toda essa força, por outro lado, às vezes fazia-me ser mais distante e fria face aos problemas dos outros. Facilmente opinava, achava que se fosse comigo a história seria outra e que não faria assim, faria assado. No entanto, tenho vindo a ser colocada no meu lugar, digamos assim. Porque tenho aprendido que, de facto, a vida nos troca muito as voltas e que se hoje temos o mundo a nossos pés, amanhã podemos ser nós debaixo dele. As coisas frequentemente mudam, trocam de sentidos e confundem-nos. Achar que somos invencíveis, que podemos passar por tudo, fazendo fintas, dando saltos, ultrapassando barreiras é viver enganado. Não estou a ser pessimista, pelo contrário, acredito que em todos nós há força capaz de nos fazer transformar, crescer e que todos os dissabores são oportunidades únicas de desenvolvimento, se assim o quisermos. O que eu acho é que não se pode viver numa bolha, como eu sentia que estava a viver, em que tudo nos parece colorido, que para tudo há uma opinião e achar que as coisas nunca nos vão "calhar" a nós. Às vezes somos nós que estamos na berlinda, que descobrimos medos, que temos de viver as tempestades. Isto pode parecer assustador, mas também é incrível e pode ser uma jornada de auto-conhecimento fantástica.

É isto que eu tenho vivido. Ando a descobrir-me, a conhecer-me melhor; a perceber que podemos temer coisas, podemos ter receios e podemos, ainda mais, partilha-los, senti-los, porque não faz de nós fracos, frágeis ou vulneráveis. Faz-nos humanos. Dou por mim interessada em técnicas de meditação, a descobrir o bom de viver no aqui e agora, pondo os pensamentos de ontem e amanhã em standby. Tem sido bom, mas é um exercício quotidiano, este de nos conhecermos, de entendermos o que nos faz felizes, o que nos entristece, o que nos é indiferente e não faz falta.

O estágio tem sido uma boa oportunidade para trilhar este caminho, porque constantemente sou confrontada com novos universos, tão diferentes do meu, que me deixam surpreendida em compreender como, perante o mesmo acontecimento, reagimos, cada um de nós, de forma tão diferente e única. Um estímulo, mil reações, mil respostas.

Nunca abandonei realmente este cantinho. Nem o poderia fazer. Aqui sinto-me em casa. Na escrita encontro o meu sentido, a minha liberdade e a minha forma de expressão. Aquilo que nem sempre digo, escrevo sempre. Deposito nas palavras as emoções, os pensamentos, as memórias, os sonhos, tudo. Este cantinho é como um diário pessoal com vários departamentos, onde vou escrevendo ao sabor do que sinto e do que necessito. É verdade que me ausentei, mas a vida fora deste painel chamou-me e tive de me apresentar ao serviço. Mas cá estou, novamente, pronta para me dedicar a este blog (agora com um ar fresco) e a todos vocês, meus queridos companheiros de viagem, que apesar de já me acharem perdida em combate, sei que continuam desse lado, muitos de vocês com os vossos cantinhos também, dos quais tenho saudades.

Ah! Como é bom estar de volta! :)