Gordice, a quanto me obrigas!
Ontem, ele foi ao supermercado. Eu, sabendo de antemão que no respectivo estavam muitos (imensos!) chocolates em promoção, disse-lhe antes de sair: Não te esqueças de trazer um chocolatinho! E continuei na minha vidinha, a fazer as minhas coisas, naquela expectativa deliciosa de comer, quem sabe, um twix, um kit kat ou até mesmo, na loucura, um daqueles sacos grandes de M&M's.
Ele chega a casa e vai directo à cozinha, eu deixei-me estar no quarto à espera do tão desejado doce. Eis que ele chega e as mãos estavam vazias. Nem numa, nem noutra havia sinal de chocolate. Pensei então que me estava a fazer uma surpresa, mas como ele nunca mais se descosia decidi ir directa ao assunto e perguntei onde tinha arrumado o chocolate. Ao que ele responde: Chocolate? Mas não comprei nenhum chocolate, não tínhamos combinado que íamos ser mais saudáveis?
Por momentos, pensei que estava a ter um derrame cerebral. Mas não, era só mesmo a frustração e angústia a virem ao de cima. Fartei-me de resmungar, de dizer que tinha pedido directamente, que nem sequer fiquei à espera que lhe ocorresse trazer-me um mimo, dei um passo em frente e pedi! E ele, meio atarantado, meio a rir-se, lá me mandava sempre de volta o discurso de "não íamos ser mais saudáveis?".
Porque a vontade depois de nascer só se mata a frio, disse-lhe que, depois do jantar, teríamos de ir arranjar um chocolate em algum sítio. Ele primeiro pensou que eu estava doida, mas como tinha de ir por gasóleo, lá concordou que sairíamos e que eu teria o meu tão desejado chocolate.
22.10H, saio de casa com as calças de pijamas por baixo das piores calças de fato de treino que tenho, casaco bem apertado e enfio-me no carro, já só a pensar no sabor do chocolate (já viram ao que uma pessoa se sujeita por um pedaço de cacau?). Chegados à bomba de gasolina, ele começa por encher o depósito e vai pagar, não me dando sequer a oportunidade de dizer qual era o chocolate que queria. Mas pronto, deixei-me estar, confiei nele porque, afinal, ninguém erra duas vezes!
Eis que ele chega ao carro, abre a mão e, depois um enorme esforço visual, lá encontro uma barra de Kinder Maxi. Ainda pensei que ele estava a brincar, mas não, era mesmo aquele o chocolate que me tinha comprado. Fiquei a olhar para ele com cara de parva e disse: A sério que foste trazer o chocolate mais pequeno de todo o sempre?
Sem saber se chorava ou se me ria, lá comi o chocolate e ainda tive de lhe dar um quadradinho. Como a barra era minúscula, rapidamente se foi e ficamos os dois a olhar um para o outro, com desejo de mais. Ele próprio, diz-me desconsolado, que o chocolate Kinder é daquele que uma pessoa só se farta de comer quando já está completamente na exaustão, em que o sabor já fica travado na língua. Eu, a olhar para dentro da bomba e a ver a panóplia de opções existentes, concordo com ele e até levanto a hipótese de irmos buscar mais um docinho. Até que ele volta com o discurso de sermos saudáveis novamente. E eu, já frustrada e conformada, lá lhe disse para arrancar. Concluí, amargamente, que há dias que não são para a gordice e ontem foi, infelizmente, um deles! Consolei-me com um iogurte grego de caramelo que, embora delicioso, me soube a muito pouco!
(Hoje, para compensar e tirar a barriga de misérias, já fui comprar uns mini twixs que estão a um preço óptimo no Pingo Doce!)