14. Livro clássico favorito
Porque, confesso, nunca fui dada a ler muitos clássicos e li, recentemente, um que me apaixonou, vou ter de nomear o The Great Gatsby do F. Scott Fitzgerald. Os porquês e os comos podem ser compreendidos aqui :)
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Porque, confesso, nunca fui dada a ler muitos clássicos e li, recentemente, um que me apaixonou, vou ter de nomear o The Great Gatsby do F. Scott Fitzgerald. Os porquês e os comos podem ser compreendidos aqui :)
São 14.14h neste momento, em que começo a escrever este post. Às 14.30h quero estar a começar a fazer tudo aquilo que tenho agendado para fazer tarde. Que, diga-se de passagem, é mesmo muita coisa, muita coisa importante e, para tornar o cenário mais bonito, muita coisa urgente. Portanto, deixo aqui esta mensagem para o meu eu das 15h, das 15.30h, das 16h e por aí sucessivamente, que certamente tentará abortar a missão de trabalhar.
Só são permitidas pausas para comer, ir à casa de banho e só podem ser feitas após, pelo menos, 45/50 minutos de trabalho.
Nunca gostei muito de livros de fantasia, estilo Harry Potter ou Senhor dos Anéis, por exemplo. Sempre tive dificuldade em entrar dentro daquele mundo fantasioso, com os cenários mais mirabolantes (no bom sentido) possíveis e, como tal, o meu interesse literário, salvo raras excepções, nunca seguiu muito estas tendências. Por isso, o livro que vou escolher para esta categoria não é um livro com um universo paralelo, tipo Hogwarts, mas sim um universo real, possível e palpável.
Posto isto, decidi que o universo onde gostaria muitíssimo de habituar seria o do livro Quando Nietzche chorou do (mais uma vez) Irvin Yalom. Este é o grande best-seller deste escritor e um livro do qual gosto bastante, ainda que não seja o meu preferido da sua autoria. Mas é, sem dúvida, uma excelente narrativa que cruza dois grandes nomes, de diferentes áreas, da história: Josef Breuer e Friedrich Nietzche. E porquê que optei por este universo? Esta história tem como pano de fundo Viena do século XIX, reunindo assim uma cidade e uma época muito ricas no meu entender. Viena é uma cidade que está no meu top 3 de sítios a visitar. Desde que vi o Before Sunrise (do qual falei brevemente aqui), que nasceu em mim a curiosidade, o desejo de conhecer e descobrir esta cidade pelos meus próprios olhos e pés. E o século XIX é capaz de ter sido uma das épocas com maior produção de conhecimento e avanço de mentalidades de sempre. Aliás, nesta obra, conhecemos, para além das duas personagens que vos referi anteriormente, o Freud, ainda muito novo e estudante de medicina, mas já muito curioso e empolgado com as questões dos limites da consciência, da existência de uma estrutura inconsciente e do poder enigmático dos sonhos. Foi, portanto, uma época onde a psicanálise estava prestes a nascer e romper num mundo conservador, não preparado para ouvir falar de impulsos sexuais e forças inconscientes. Só de imaginar estar no berço de uma das maiores teorias da psicologia, no momento do seu nascimento, com os seus mentores e todos os casos explorados, deixa-me tão desejosa de ter uma máquina do tempo e viajar até esses tempos remotos.
Talvez pela descrição que o Yalom faz de Viena naquela altura, de todos os hábitos e costumes, fiquei intrigada e conquistada pela maneira de viver neste universo passado. E, precisamente por isto, optaria por habitar neste local, neste tempo. Eu sei, é um bocadinho desapontante quando comparado com universos mais ricos, mágicos e fantasiosos, mas é a minha fantasia, à minha maneira :)
Sem dúvida, Eleanor and Park. Os motivos? Podem consulta-los aqui :)
Às vezes, o dia não nos começa da melhor forma. Há coisas que fogem do nosso controlo, que nos ultrapassam. Chateia, cria irritação, mas acho que temos o poder de escolher como queremos enfrentar as situações. Se as coisas não dependem de nós, valerá a pena preocupar-nos, stressarmos com aquilo sob o qual não temos poder? Eu penso que não.
Hoje, por exemplo. O começo do meu dia foi terrível. Chuva intensa combinada com vento é sempre a pior forma de começar o dia. O resultado foi, não surpreendentemente, uma molha daquelas feias durante o dia inteiro. Durante o caminho, sob a chuva, sou sincera: fiquei irritada comigo, com os outros, com tudo o que me rodeava. Mas, ao chegar à faculdade, optei por dar uma oportunidade ao dia, que mal estava a começar e já estava a ser negro. Abstrai-me, fui ter com os meu amigos, ri-me, partilhei preocupações, histórias. Hoje, particularmente, tive a possibilidade de conhecer melhor uma colega e gostei muito do que conheci. Vim para casa com o coração cheio; o caminho até casa pareceu-me tão curto, que quando cheguei à minha rua, fiquei surpreendida como é que já tinha andado tanto e tão envolvida nos meus pensamentos.
É esta plasticidade, à qual nem sempre estamos disponíveis, que pode fazer a diferença entre chegar ao final do dia com um sorriso nos lábios, apesar das contrariedades, ou chegar carrancudo e a odiar o mundo. Calma, eu também me enervo, irrito e nem sempre sou capaz de optar pelo caminho da descomplicação. Aliás, devo ser das pessoas que mais se enerva quando as coisas começam a descontrolar-se. Mas é precisamente por ser assim, tão explosiva, que dou mais valor a esta ferramenta de sermos plásticos, tolerantes às frustrações e sabermos conduzi-las a nosso favor ou, pelo menos, numa direcção oposta a uma que nos afogue em sentimentos negativos.
Um dos meus objectivos passa por começar a adoptar, gradualmente, esta perspectiva, mais tranquila e calma. Ter mais controlo face àquilo que depende, efectivamente de mim, como as minhas respostas aos acontecimentos e não me preocupar com aquilo que não posso mudar nem controlar, como alguns acontecimentos. Como hoje, por exemplo, não podia alterar a condição meteorológica. Mas consegui ter controlo no impacto que essa "adversidade" teve no meu restante dia. E quem fala destas coisas pequenas, como uma chuvada intensa, fala de outras maiores e mais profundas. Parece conversa da treta, eu sei, mas faz a diferença, acreditem. E a nossa sanidade mental agradece.
Li-o recentemente. Criaturas de um dia do Irvin Yalom. Podia descreve-lo de muitas formas, falar-vos, novamente, de como o Yalom consegue contar-nos os seus casos psicoterapêuticos de uma forma genial, mas tal não é necessário. Basta ler a frase de Marco Aurelio, que inspirou o Yalom, para compreender como este livro é inspirador:
Todos nós somos criaturas de um dia; tanto os que recordam como os que são recordados.
Claro que há muito mais do que isto para descobrir no livro. Mas acredito que esta frase resume muito bem a viagem que Yalom nos oferece neste mais recente escrito, onde o próprio se confrontra, se despe novamente face às questões existenciais que tanto defende serem a base da psicoterapia. E, de facto, as questões da vida, da alma, da morte, do tempo são, por si só, muito inspiradoras. Quando bem exploradas, como Yalom o faz, melhor.
Para mim, Os Filhos da Droga da Christiane F. Já falei deste livro (podem ver aqui) e não sei se consigo dizer muito mais. O universo do vício, especialmente, da toxicodependência sempre me criou sentimentos mistos. Se, por um lado, me fascina e intriga pelo poder aditivo das drogas e o impacto que estas têm na esfera do indivíduo, desde a dependência psicológica à física, por outro, deixa-me o coração apertado, a garganta com um nó gigante, que não deixa passar nada. Já ambicionei trabalhar com esta população, mas às vezes é preciso fazermos um exercício de autoconhecimento e conhecermos os nossos próprios limites. Os meus param onde estas vivências existem, infelizmente.
Por isso, este livro deixou-me colada, prendeu-me da primeira à última página, mas também me tirou o sono e consumiu-me por inteiro.
In my younger and more vulnerable years, my father gave me some advice. "Always try to see the best in people," he would say. As a consequence, I'm inclined to reserve all judgements. But even I have a limit.
Nick Carraway
Como posso descrever-vos a minha experiência de ler o The Great Gatsby? - questiono-me enquanto tento organizar bem as minhas ideias e, essencialmente, todas as emoções que este livro (e, posteriormente, o filme) provocou em mim. Confesso que não gostei dele de imediato, mas a paixão foi crescendo. Primeiro, suave e gradualmente; depois, de forma galopante, tirou-me o ar e acertou em cheio no meu coração. Do meio da história ao final, já não conseguia separar-me do livro; tornou-se um amor para sempre.
Um amor para sempre semelhante ao que Gatsby nutria por Daisy. Como o próprio Gatsby diz "I knew it was a great mistake for a man like me to fall in love... ". Uma história de amor suspensa no tempo, que este tenta recuperar, porque acredita que o passado se pode sempre repetir.
Podia falar-vos da forma magistral com que o Fitzgerald descreveu a sociedade americana dos loucos anos vinte; de como a ilustrou na perfeição, com toda a ausência de valores morais, fragilidade, decadência, onde tudo dura e vale muito pouco. De como o final espelha toda esta sociedade falsa, movida à base de aparências e ilusões levianas. Mas prefiro focar-me no que realmente me arrepiou: o amor de Gatsby por Daisy e a relação de Gatsby e Nick.
O livro é um romance e, como tal, respira-se amor nesta obra. Mas, como qualquer história apaixonante, há tanto drama quanto romance. A relação de Gatsby e Daisy é precisamente isso: um amor entrelaçado com a inevitabilidade da vida, de onde emanam todas as adversidades. O mais bonito para mim, honestamente, não foi a díade em si, mas o sentimento de Gatsby por Daisy. A devoção, a esperança sem limites, o amor desmesurado que o faz ser capaz de tudo para captar a sua atenção. Aquele primeiro encontro ao fim de tanto tempo, o nervosismo, a inquietação tão característica de quando já não se é o único dono do próprio coração. O filme ajuda a visualizar a escrita de Fitzgerald que, por ser tão minuciosa nas descrições, acaba por se tornar difusa e difícil de construir os cenários e as cenas na nossa imaginação.
E aqui sou obrigada a fazer um enorme parêntesis para falar do desempenho do Leonardo DiCaprio enquanto Jay Gatsby. É simplesmente maravilhoso de tão credível e realista que a sua performance é. É como se tivessem sido a mesma pessoa; todos os maneirismos, todas as características que Fitzgerald emprestou a Gatsby são transferidas para o grande ecrã devido ao excelente trabalho de DiCaprio. Sobretudo nas cenas com a Daisy. A força daquele olhar apaixonado, tão perdido na beleza dela, no seu encanto. Palavras não são suficientes para descrever a intensidade destas cenas, só mesmo vendo o filme.
Fiquei com uma enorme vontade de ler mais Fiztgerald depois desta primeira experiência. Sobretudo porque se encontra tanto da personalidade do próprio escritor nas personagens de Nick e Gatsby. Se Gatsby representa, em parte, o próprio Fiztgerald - o homem que quase teve tudo, quase alcançou a glória - por outro, também representa uma parcela que Fitzgerald gostaria de ter sido e não foi. No entanto, o final de Gatsby não é muito diferente do próprio final de Fiztgerald (sendo que a Daisy é uma fusão dos dois grandes amores da vida deste). E Nick é a personagem oposta a todas as outras - o bom homem, com valores morais e coerência, capaz de guardar os segredos sujos e obscuros dos outros, que não se deixa corromper. É ele o único verdadeiro amigo de Gatsby. Mas, como o próprio diz, é aquele que está tanto dentro dos acontecimentos, como fora deles - como o próprio Fiztgerald, que nunca sentiu que fazia realmente parte de algo. A relação entre Nick e Gatsby é a fusão de dois homens bons, decentes, que remam contra a maré de uma sociedade superficial e plástica.
O livro, bem como o filme, são duas obras que vos recomendo vivamente. Comecem pelo livro, deixem-se levar pela escrita de Fitzgerald. Não considero que seja uma escrita fácil, leve, mas é profunda e envolvente. Com muito pouco, transmite muita riqueza. As personagens, talvez por terem ido beber muito à vida real do escritor, são construídas de uma forma incrível, com uma enorme profundidade. No final, sentimos que conhecemos todas elas bem de perto, conseguimos traçar os seus perfis e prever as suas acções. O filme é quase 100% fiel ao livro, mas a pouca percentagem de infidelidade não é significativa. O elenco foi muito bem escolhido e a história é muito bem contada, sendo auxiliada por efeitos visuais de elevada qualidade.
Sinto que por mais que escreva, nunca conseguirei encontrar as melhores palavras, as certas, para vos descrever o quão boa é esta obra. Mas, precisamente por isso, leiam, vejam o filme e comentem comigo as vossas opiniões :)
Acabei de ler o The Great Gatsby do Francis Scott Fitzgerald. E, a seguir, decidi ver o filme.
(...)
Quando conseguir "recuperar", escrevo-vos a minha opinião.
O livro que representa esta categoria é, sem sombra de dúvida, o Quem me dera ter um filho de Sinéad Moriarty. Já perdi a conta às vezes que o li, porque é aquele livro que temos sempre na mesinha de cabeceira, pronto a desfolhar caso nos apeteça rir um bocado e desanuviar. Não é um livro digno de um prémio Nobel, mas ainda bem que não o é. Assim como é maravilhoso ler um clássico, que mói e nos exige tempo, concentração, também é delicioso ler uma boa comédia, leve, saborosa, que nos permita relaxar e não pensar muito.
Este livro é isso mesmo: uma comédia do início ao fim. Retrata a história de Emma, uma mulher que tenta, a todo o custo, engravidar e que, para tal, recorre a tudo que possam e não possam imaginar! Arrasta o desgraçado do seu marido, James, que lhe atura todos os desejos, medos, ansiedades e inquietações. Ainda que aborde um tema sensível, que é a infertilidade, fá-lo de uma forma descontraída e até realista, porque nos faz embarcar nesta viagem alucinante que é a de tentar ter um bebé. Que, para uns, é tão fácil (como para a cunhada de Emma, que parece uma máquina de fazer filhos) e, para outros, um enorme desafio, que põe à prova a capacidade de resiliência de uma mulher.
No meio de tantas gargalhadas, há sempre espaço para sentirmos empatia por Emma. Mesmo nos mais profundos e dramáticos devaneios, nas maiores loucuras, conseguimos compreender o que a move, a razão dos seus pensamentos e sentimentos. E, inevitavelmente, ficamos a torcer para que cada plano mirabolante por si inventado dê no tal tão esperado resultado positivo.
O final é, a meu ver, muito bem construído. Não vou aprofundar muito, porque odeio spoilers e não quero ser uma, mas posso dizer-vos que o final, assim como todo o livro, é escrito com uma dose de realismo q.b., onde tanto podemos objectivar as questões abordadas, como sonhar e criar ilusões.
Se gostam deste tipo de leitura, mais suave e vibrante, força, leiam porque não se vão arrepender! É a leitura de praia ideal! Se gostam da temática que o livro aborda ou até se estão a viver a mesma situação, não se apoquentem, leiam! Vão sentir-se compreendidas, vão ver-se refletidas em palavras. E vão, garantidamente, rir-se muito :)