A satisfação que advém por um investigador nos disponibilizar um artigo do qual precisamos mesmo muito. Há tempos atrás, não pensei que viesse a ser esta uma das minhas definições de felicidade.
São os ventos da mudança ...!
Quem se lembrar desta cena dos Monstros e Companhia, é só a melhor pessoa do universo!
Sem dúvida alguma: Tom Buchanan do Great Gatsby de Francis Scott Fitzgerald. A sério, esta personagem representa a decadência e a ausência completa de valores morais. Adicionem a isso o facto de também ser do mais infiel e arrogante que há. Além disso, foi ele o responsável pelo desfecho trágico da história, portanto, vai ser uma personagem para sempre odiar.
Tom Buchanan tão bem representado pelo ator Joel Edgerton no filme The Great Gatsby (digam lá que não tem cara de mete nojo?)
Ainda nem sequer vou a meio do Revolutionary Road (do Richard Yates), mas posso já adiantar-vos que estou a adorar. E este encantamento advém, em grande parte, das personagens principais - Frank e April - que estão incrivelmente bem desenhadas e articuladas uma com a outra. Sobretudo a personagem de Frank comove-me imenso e estou, constantemente, a sofrer com ele, a lutar para que as suas tentativas de aproximação e reconquista de April não sejam em vão.
A história do casal, em si, é igualmente deliciosa. Eu adoro romances, toda e qualquer história de amor, mas também gosto que essas mesmas histórias se desenrolem sob um pano de fundo real. Isto significa que mais do que felizes para sempre, eu gosto de histórias nas quais os casais vivem no mundo real, nas quais as relações sofrem oscilações, onde as duas pessoas não estão sempre em sintonia, onde se cometem erros e, essencialmente, onde as personagens têm a oportunidade de crescerem e são retratadas o mais próximo possível de nós: como humanas. É talvez por esse motivo que comecei a por de lado as leituras do Nicholas Sparks, porque ainda que este escreva romances muito bonitos e intensos, que resultam sempre em choro compulsivo por horas seguidas, acho que falta às suas histórias uma dose de realismo. É tudo muito fantasioso, muito apaixonado, faltando-lhe a beleza da vida real que, apesar de mais dura e crua, tem também o seu lado de fantástico.
É isso que eu estou a encontrar neste livro: um casal desgastado, segurado pelas pontas de um amor já quase inexistente, mas que continuam juntos, essencialmente porque a vida continua ao seu ritmo, eles têm filhos, têm uma história em conjunto da qual não podem simplesmente saltar fora. É um marido desesperado para restaurar o seu casamento, que nos vai contando a sua história de amor e nos permite conhecer o seu caminho até ao presente. É uma mulher cansada do seu modo de viver, frustrada, talvez, com as escolhas que fez e com o rumo que a sua vida tomou. Que descarrega num casamento que não é de sonho, mas no qual ainda há amor.
Se ainda nem vou a meio e já sinto todo este fascínio, nem quero imaginar quando o terminar.
28. Personagem literária que gostarias de conhecer
Esta é muito fácil e imediata: Bento Espinosa. Já vos falei sobre este livro antes e, ainda que seja batota (porque não é apenas uma personagem literária, mas também uma personagem real, que existiu em carne e osso), não consigo mesmo lembrar-me de mais ninguém que desejasse tanto conhecer pessoalmente. Enquanto lia O Problema Espinosa, sobretudo os capítulos relativos ao próprio Espinosa, sentia-me sempre impressionada com os seus pensamentos, a sua maneira de ver o mundo, de o pensar. Quando o livro chega à parte em que Espinosa é completamente expulso da sociedade judaica e passa a ser um marginalizado, admirei-o ainda mais pela sua lealdade e fidelidade aos seus valores e às suas crenças. Como já disse anteriormente, foi um homem muito à frente do seu tempo, um visionário que, como quase todos, não foi compreendido e bem interpretado. Adorei ver uma referência à sua pessoa no museu judaico em Berlim, porque, apesar de séculos depois, foi finalmente reconhecido com um judeu que não atentava contra a sua religião. Além disso, sinto um orgulho enorme (patriotismo on fire neste momento) por saber que era filho de portugueses e foi educado tendo acesso à sua nossa língua e cultura da altura. Por todos estes motivos (e certamente muitos outros que agora não me lembro), se tivesse a oportunidade de conhecer Bento Espinosa, seria um ser humano muito mais feliz.
Ontem, ele foi ao supermercado. Eu, sabendo de antemão que no respectivo estavam muitos (imensos!) chocolates em promoção, disse-lhe antes de sair: Não te esqueças de trazer um chocolatinho! E continuei na minha vidinha, a fazer as minhas coisas, naquela expectativa deliciosa de comer, quem sabe, um twix, um kit kat ou até mesmo, na loucura, um daqueles sacos grandes de M&M's.
Ele chega a casa e vai directo à cozinha, eu deixei-me estar no quarto à espera do tão desejado doce. Eis que ele chega e as mãos estavam vazias. Nem numa, nem noutra havia sinal de chocolate. Pensei então que me estava a fazer uma surpresa, mas como ele nunca mais se descosia decidi ir directa ao assunto e perguntei onde tinha arrumado o chocolate. Ao que ele responde: Chocolate? Mas não comprei nenhum chocolate, não tínhamos combinado que íamos ser mais saudáveis?
Por momentos, pensei que estava a ter um derrame cerebral. Mas não, era só mesmo a frustração e angústia a virem ao de cima. Fartei-me de resmungar, de dizer que tinha pedido directamente, que nem sequer fiquei à espera que lhe ocorresse trazer-me um mimo, dei um passo em frente e pedi! E ele, meio atarantado, meio a rir-se, lá me mandava sempre de volta o discurso de "não íamos ser mais saudáveis?".
Porque a vontade depois de nascer só se mata a frio, disse-lhe que, depois do jantar, teríamos de ir arranjar um chocolate em algum sítio. Ele primeiro pensou que eu estava doida, mas como tinha de ir por gasóleo, lá concordou que sairíamos e que eu teria o meu tão desejado chocolate.
22.10H, saio de casa com as calças de pijamas por baixo das piores calças de fato de treino que tenho, casaco bem apertado e enfio-me no carro, já só a pensar no sabor do chocolate (já viram ao que uma pessoa se sujeita por um pedaço de cacau?). Chegados à bomba de gasolina, ele começa por encher o depósito e vai pagar, não me dando sequer a oportunidade de dizer qual era o chocolate que queria. Mas pronto, deixei-me estar, confiei nele porque, afinal, ninguém erra duas vezes!
Eis que ele chega ao carro, abre a mão e, depois um enorme esforço visual, lá encontro uma barra de Kinder Maxi. Ainda pensei que ele estava a brincar, mas não, era mesmo aquele o chocolate que me tinha comprado. Fiquei a olhar para ele com cara de parva e disse: A sério que foste trazer o chocolate mais pequeno de todo o sempre?
Sem saber se chorava ou se me ria, lá comi o chocolate e ainda tive de lhe dar um quadradinho. Como a barra era minúscula, rapidamente se foi e ficamos os dois a olhar um para o outro, com desejo de mais. Ele próprio, diz-me desconsolado, que o chocolate Kinder é daquele que uma pessoa só se farta de comer quando já está completamente na exaustão, em que o sabor já fica travado na língua. Eu, a olhar para dentro da bomba e a ver a panóplia de opções existentes, concordo com ele e até levanto a hipótese de irmos buscar mais um docinho. Até que ele volta com o discurso de sermos saudáveis novamente. E eu, já frustrada e conformada, lá lhe disse para arrancar. Concluí, amargamente, que há dias que não são para a gordice e ontem foi, infelizmente, um deles! Consolei-me com um iogurte grego de caramelo que, embora delicioso, me soube a muito pouco!
(Hoje, para compensar e tirar a barriga de misérias, já fui comprar uns mini twixs que estão a um preço óptimo no Pingo Doce!)
Quando vi esta categoria, veio-me logo à memória uma personagem que adorei desde o momento que a "conheci". Já li este livro há muito tempo, mas releio-o sempre que posso. Já devem ter reparado que eu tenho esta mania de reler muitas vezes os livros, mas na verdade quando gosto de uma história, ao fim de determinado tempo sinto sempre saudades e tenho de regressar até ela para matar a nostalgia.
O livro do qual vos falo é o A pensar em ti da Jill Mansell e a minha personagem preferida é a protagonista da história, a Ginny Holland. O livro, em si, é um romance cheio de piada, com imensos acontecimentos que nos fazem rir, mas também com pontos altos nos quais o nosso coração se confunde com o da protagonista e começa a bater a um ritmo descompassado. A Ginny é uma senhora que vocês têm, simplesmente!, de conhecer. Não querendo dar muitos detalhes da narrativa, posso contar-vos que Ginny vê a sua única filha a ir para a universidade e, como tal, fica com o síndrome do ninho vazio. Tal torna-se mais evidente porque Ginny é divorciada (um divórcio muito amigável) e tem, assim, a casa toda só para si e para a sua solidão. Mas esta é uma mulher extremamente activa e dinâmica, que rapidamente vai tentar ocupar-se e é precisamente nesta necessidade de viragem, de recomeço que as suas aventuras começam. É uma pessoa bondosa, inocente, muito divertida (e distraída!) e apaixonada, que se entrega aos outros por completo. E, precisamente por isso, acaba quase sempre por entrar em confusões! Gostei de imediato desta personagem porque encontrei muitas semelhanças com a minha maneira de ser, acabando por me projectar um bocado na própria Ginny. Ok, não sou divorciada nem tenho filhos, mas senti uma rápida empatia com esta personagem que, por ver sempre o mundo muito colorido, acaba por ser levada pelos outros, o que também me acontece algumas vezes. Além disso, espera sempre o melhor das pessoas, tal como eu, o que a leva a interpretar determinados comportamentos e atitudes como benignos, quando as verdadeiras intenções nem sempre são tão inocentes como parecem.
Muitas vezes lembro-me desta personagem pela sua veia cómica, leve, apaixonada e única. Não é uma daquelas personagens complexas, incrivelmente bem desenhada e construída e acho que é precisamente pela sua simplicidade que acabei por gostar tanto dela. Porque é, efectivamente, fácil gostar dela e acabar por sofrer consigo todas as peripécias que lhe acontecem!
Porque, por muito que o tempo passe e até se arranjem maneiras e estratégias de reencontrar um novo sentido e ser feliz novamente, depois de se perder alguém, perdemos também uma parte de nós.
Ainda há pouco, estava tão bem entretida nas coisas do meu dia, a ler descontraidamente notícias na internet e deparo-me com uma que acciona algo de imediato em mim. Reacende em mim as memórias do passado, dos tempos em que tudo era tão diferente, tão mais fácil e leve. E fico petrificada porque começo a sentir um aperto no peito. São as saudades. As saudades da avó que partiu, que não voltarei a ver, a beijar, a abraçar, a sentir. Aquela avó que não representa só o amor, mas também me representa a mim enquanto protegida, o meu eu passado, o meu eu sempre pequenino. Quantas saudades tenho dos tempos em que brincava no seu quintal, livre e despreocupada, porque o mundo era cheio de cores e vida. Ainda hoje existem cores, é certo que existe vida, mas nada se compara aqueles momentos ternurentos da infância, onde apenas o hoje e o agora têm força e expressão.
Por momentos, senti tantas saudades tuas, avó. Mas sabes? Acho que nunca deixei de sentir a tua falta. Apenas me obrigo a camufla-la, para que me possa concentrar nos desafios diários, na procura de um caminho, de uma vida em que não estás presente. Porque, eu sei que já passou tanto tempo, mas ainda me custa acreditar que tu já não estás aqui. Como eu dava um pedaço de mim, neste momento, sem hesitar, para me encheres daqueles beijinhos repenicados e seguidos. Ou para sentir novamente o cheiro da tua pele. Ou, apenas, para te ver. Dava qualquer coisa por mais um momento contigo, sobretudo porque nunca me consegui despedir verdadeiramente de ti.
Cada vez que estreia um programa tipo Love on Top, perco mais uma réstia (da pouca que ainda tenho) na televisão portuguesa. É que quando penso que já descemos o mais baixo que poderíamos descer com formatos como Secret Story ou Desafios Finais e outros que tais, aparece sempre um novo formato que me faz repensar toda a questão.
A sério, qual é a mesma a finalidade deste tipo de programas? Mas alguém ainda acredita que isto são reality shows? É que eu quero acreditar, com todas as minhas forças, que isto não é representativo da realidade. Que os jovens e as jovens da minha idade não são todos tão ocos, tão plásticos e siliconados como estes; que a minha geração consegue mais e melhor do que 15 minutos de fama à conta de palavrões, falta de cultura geral e actividade sexual em tempo real. Que existem, é verdade, a prova está no pequeno ecrã televisivo, mas forço-me a acreditar que são um nicho pequeno, que se este temporal que está hoje virasse numa catástrofe natural, a selecção natural entraria em acção. Se bem que às vezes dou por mim a pensar: o mal está nestes jovens que querem os seus minutos de fama e deslumbramento ou nas pessoas que lhes dão tudo isso? Que os valorizam, idolatram? Que consomem estes formatos televisivos até à exaustão quando podiam ver outro tipo de programas e conteúdos? É filosófico, de facto.
Mas como a cultura parece instalada e para ficar, mudo eu de canal. Porque juntar-me a eles, recuso!