Criminal.
Ontem fui ao cinema e, na falta de melhor, acabei por ver o Criminal. A história parecia-me fantástica: utilizar as memórias de um agente da CIA morto e introduzi-las na mente de um dos maiores psicopatas cujo lobo frontal não se desenvolveu e, por isso mesmo, não tinha qualquer código moral e era incapaz de viver em sociedade. O objectivo era simples: ao introduzir as memórias no cérebro do psicopata, as células estaminais do lobo frontal desenvolver-se-iam e este passaria a agir como se fosse o agente morto em combate e não como o criminoso que era até então, tendo em conta que só o agente da CIA sabia de determinadas informações e, portanto, era fulcral ter acesso às mesmas. Fiquei mesmo entusiasmada com a ideia, porque adoro este tipo de plot. Estava bastante curiosa para ver quem seria e como seria o psicopata, se realmente ele assumiria a personalidade do agente da CIA ou se, pelo contrário, se estaria a criar um monstro ainda maior: juntar a inteligência e conhecimento do agente com a loucura e falta de valores e normas do psicopata.
O filme não é mau, até porque conta com o desempenho do Kevin Costner e Tommy Lee Jones, mas ... fica aquém das expectativas. Pelo menos, das minhas. Primeiro o filme assemelha-se a outros como velocidade furiosa, por exemplo, em que podem cair edifícios de 100 andares em cima de um simples homem e este consegue sobreviver. Este tipo de irrealismo tira-me do sério. Depois, a história tinha tanto potencial, mas não foi bem aproveitado. Para terem noção, quando conhecemos o psicopata, ele está preso numa cela de alta segurança, com uma corrente presa ao pescoço. Para comer, por exemplo, atiram-lhe a comida como se fosse um animal. E depois, quando o tiram da prisão para o submeterem à cirurgia cerebral, colocam-lhe umas simples e modestas algemas. Será preciso dizer que, em segundos, ele conseguiu escapar daquele pessoal todo? É óbvio, não é? Outra questão que me deixou intrigada foi o facto de ser assumido que o psicopata tinha uma lesão raríssima (síndrome do lobo frontal) e, devido à falta de desenvolvimento dessa área cerebral, não conseguiu internalizar as normas e os valores sociais. Ok, até aqui tudo bem, mas dado que o homem era psicopata devido a uma condição de saúde assumida, fez-me imensa confusão que ele estivesse enjaulado como um animal de jardim zoológico. E pensar em algum tratamento? Alguma medicação?
Como podem perceber, passei mais tempo a pensar nestas questões (ridículas) do que em apreciar o filme em si mesmo. O filme é engraçado para quem gosta de tiros, perseguições e acção, mas quem, como eu, foi levado a comprar bilhete pelo lado mais misterioso e curioso da questão de implementação de memórias, vai ficar desiludido. Não deixa de ser um filme interessante para um domingo à tarde, em casa. Mas se vale a pena a ida ao cinema? Para mim, não valeu.