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Oh captain! My captain!

" But only in their dreams can men be truly free. 'Twas always thus, and always thus will be."

Oh captain! My captain!

" But only in their dreams can men be truly free. 'Twas always thus, and always thus will be."

Sab | 26.03.16

Depois de recuperada, aqui está a minha crítica a um romance intemporal!

In my younger and more vulnerable years, my father gave me some advice. "Always try to see the best in people," he would say. As a consequence, I'm inclined to reserve all judgements. But even I have a limit.

Nick Carraway

Como posso descrever-vos a minha experiência de ler o The Great Gatsby? - questiono-me enquanto tento organizar bem as minhas ideias e, essencialmente, todas as emoções que este livro (e, posteriormente, o filme) provocou em mim. Confesso que não gostei dele de imediato, mas a paixão foi crescendo. Primeiro, suave e gradualmente; depois, de forma galopante, tirou-me o ar e acertou em cheio no meu coração. Do meio da história ao final, já não conseguia separar-me do livro; tornou-se um amor para sempre.

Um amor para sempre semelhante ao que Gatsby nutria por Daisy. Como o próprio Gatsby diz "I knew it was a great mistake for a man like me to fall in love... ". Uma história de amor suspensa no tempo, que este tenta recuperar, porque acredita que o passado se pode sempre repetir.

Podia falar-vos da forma magistral com que o Fitzgerald descreveu a sociedade americana dos loucos anos vinte; de como a ilustrou na perfeição, com toda a ausência de valores morais, fragilidade, decadência, onde tudo dura e vale muito pouco. De como o final espelha toda esta sociedade falsa, movida à base de aparências e ilusões levianas. Mas prefiro focar-me no que realmente me arrepiou: o amor de Gatsby por Daisy e a relação de Gatsby e Nick.

O livro é um romance e, como tal, respira-se amor nesta obra. Mas, como qualquer história apaixonante, há tanto drama quanto romance. A relação de Gatsby e Daisy é precisamente isso: um amor entrelaçado com a inevitabilidade da vida, de onde emanam todas as adversidades. O mais bonito para mim, honestamente, não foi a díade em si, mas o sentimento de Gatsby por Daisy. A devoção, a esperança sem limites, o amor desmesurado que o faz ser capaz de tudo para captar a sua atenção. Aquele primeiro encontro ao fim de tanto tempo, o nervosismo, a inquietação tão característica de quando já não se é o único dono do próprio coração. O filme ajuda a visualizar a escrita de Fitzgerald que, por ser tão minuciosa nas descrições, acaba por se tornar difusa e difícil de construir os cenários e as cenas na nossa imaginação.

E aqui sou obrigada a fazer um enorme parêntesis para falar do desempenho do Leonardo DiCaprio enquanto Jay Gatsby. É simplesmente maravilhoso de tão credível e realista que a sua performance é. É como se tivessem sido a mesma pessoa; todos os maneirismos, todas as características que Fitzgerald emprestou a Gatsby são transferidas para o grande ecrã devido ao excelente trabalho de DiCaprio. Sobretudo nas cenas com a Daisy. A força daquele olhar apaixonado, tão perdido na beleza dela, no seu encanto. Palavras não são suficientes para descrever a intensidade destas cenas, só mesmo vendo o filme.

Fiquei com uma enorme vontade de ler mais Fiztgerald depois desta primeira experiência. Sobretudo porque se encontra tanto da personalidade do próprio escritor nas personagens de Nick e Gatsby. Se Gatsby representa, em parte, o próprio Fiztgerald - o homem que quase teve tudo, quase alcançou a glória - por outro, também representa uma parcela que Fitzgerald gostaria de ter sido e não foi. No entanto, o final de Gatsby não é muito diferente do próprio final de Fiztgerald (sendo que a Daisy é uma fusão dos dois grandes amores da vida deste). E Nick é a personagem oposta a todas as outras - o bom homem, com valores morais e coerência, capaz de guardar os segredos sujos e obscuros dos outros, que não se deixa corromper. É ele o único verdadeiro amigo de Gatsby. Mas, como o próprio diz, é aquele que está tanto dentro dos acontecimentos, como fora deles - como o próprio Fiztgerald, que nunca sentiu que fazia realmente parte de algo. A relação entre Nick e Gatsby é a fusão de dois homens bons, decentes, que remam contra a maré de uma sociedade superficial e plástica.

O livro, bem como o filme, são duas obras que vos recomendo vivamente. Comecem pelo livro, deixem-se levar pela escrita de Fitzgerald. Não considero que seja uma escrita fácil, leve, mas é profunda e envolvente. Com muito pouco, transmite muita riqueza. As personagens, talvez por terem ido beber muito à vida real do escritor, são construídas de uma forma incrível, com uma enorme profundidade. No final, sentimos que conhecemos todas elas bem de perto, conseguimos traçar os seus perfis e prever as suas acções. O filme é quase 100% fiel ao livro, mas a pouca percentagem de infidelidade não é significativa. O elenco foi muito bem escolhido e a história é muito bem contada, sendo auxiliada por efeitos visuais de elevada qualidade.

Sinto que por mais que escreva, nunca conseguirei encontrar as melhores palavras, as certas, para vos descrever o quão boa é esta obra. Mas, precisamente por isso, leiam, vejam o filme e comentem comigo as vossas opiniões :)